LEVANTAMENTO DA FLORA LENHOSA EM FAIXA DE PASSAGEM DA CEMIG, EM JUIZ DE FORA/MG.

    LEVANTAMENTO DA FLORA LENHOSA EM FAIXA DE PASSAGEM DA CEMIG, EM JUIZ DE FORA/MG.

     Ana Júnia M. de Sousa¹’*, Edgar A. C. Diniz¹, Juno A. Morais¹.

    1BIOSFERA ASSESSORIA E CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA *biosferamg@gmail.com

    Introdução

    Estudo quali-quantitativo realizado em vegetação arbórea sob Linha de Transmissão da CEMIG, em Juiz de Fora/MG. As Linhas de Transmissão (LT) são os componentes fundamentais para a distribuição de energia gerada nas hidrelétricas e outras fontes de energia da Matriz Energética brasileira. Esse sistema de transmissão é responsável pelo transporte dos grandes blocos de energia desde os grandes centros geradores até os centros consumidores [1]. Um dos aspectos monitorados constantemente é a vegetação arbórea sob a faixa de servidão, da LT. Este trabalho registrou a coleta de dados do componente arbóreo, sob trecho específico da LT. Objetivando uma melhor compreensão das espécies arbóreas e de seu devido manejo, a fim de amenizar prováveis conflitos entre essas e as linhas de transmissão. Espécies de grande porte também são de interesse neste estudo, uma vez que sob a LT há restrições quanto à proximidade máxima de ambos em virtude de arcos voltaicos. A periodicidade de intervenção nas áreas de influência das LT’s depende das espécies e suas características fisionômicas quando adultas, além da taxa de crescimento que define o horizonte temporal que existe entre plântula e árvore.

    Metodologia

    Seleção dos trechos amostrais entre as torres 21 e 22 – Trecho da LT; foram instaladas nove parcelas independentes e permanentes. As dimensões da área de estudo são de 20×150 metros. A partir de um ponto de referência, mediram-se 10 metros em direção à torre 21; marcou-se o primeiro ponto da Parcela 1 (P1); deste ponto marcaram-se 5 metros, em ângulo de 90º sudeste, depois 10 metros, em ângulo de 45º nordeste, ainda 5 metros, em ângulo de 315º noroeste e por fim 10 metros, em ângulo de 225º sudoeste, fechando um retângulo de 5 metros por 10 metros. Entre as parcelas, teve um espaçamento de 6,25 metros e se alternam em relação ao eixo, ora à direita, ora à esquerda. A demarcação das parcelas foi efetuada através de canos PVC de 40 mm de diâmetro, com o auxílio de fita zebrada para melhor visualização. Grande parte da identificação aconteceu in locu, para as demais, em Laboratório – neste caso, foi necessário coletar partes vegetativas e/ou reprodutivas, para posterior identificação botânica com o auxilio de bibliografias específicas.

    Resultados e Discussão

    A área de estudo é um excerto da Floresta Estacional Semidecidual. Esse tipo de vegetação se caracteriza por apresentar a  porcentagem das árvores caducifólias, no conjunto florestal e não das espécies que perdem as folhas individualmente, sendo de 20 e 50% [2]. A vegetação da área se mostra como uma vegetação secundária, ou em regeneração: aquela resultante dos processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária. [3]. Foram amostradas 352 indivíduos, pertencentes a 17 famílias, correspondendo a 26 espécies. As espécies com maior número de indivíduos foram: Myrcia splendens (259); Alchornea sidifolia (12) e Symplocos celastrinea (11). As demais aparecem timidamente, variando entre 10 e 01 indivíduo. Boa parte das espécies amostradas se enquadra no grupo ecológico das pioneiras, sendo coerente com o estágio sucessional do componente arbóreo. Myrcia splendes é dominante, ocorrendo de forma expressiva, tanto em abundância quanto em frequência de avistamentos. Não foram avistadas espécies exóticas. A vegetação estudada tem altura média de 5,5 metros, com mínimo em 1,7 metros e máximo em 14 metros. O diâmetro à altura do peito (DAP) médio é 4,2 cm, com mínimo de 2,2 cm e máximo de 18,5 cm.

    Conclusões

    O manejo do componente arbóreo sob Linhas de Transmissão é evidentemente dependente do bioma, das condições edáficas, do clima, da fisionomia vegetal predominante, do estágio sucessional. Devem-se levar em conta, inclusive, as perturbações geradas pelo próprio manejo (abertura de clareiras, pressão competitiva artificial sobre as espécies, por exemplo). A partir do emprego das parcelas permanentes será possível o monitoramento da velocidade de rebrota e crescimento da vegetação na área estudada.

    Referências Bibliográficas

    [1] CEMIG – COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Transmissão. 2012. Disponível em: http://www.cemig.com.br/ptbr/a_cemig/nossos_negocios/Paginas/transmissao.aspx. Acessado em 02 de jul. 2012.

    [2] Veloso, H.P.; Filho, A.L.R.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro, IBGE – 124 p.

    [3] Resolução CONAMA nº 392, de 25 de junho de 2007. Biomas – Estágios sucessionais da vegetação da Mata Atlântica. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_arquivos/conama_res_cons_2007_392_estgios_sucessionais_de_florestas_mg_202.pdf. Acessado em 03 de jul. 2012.