O inventário florestal, o levantamento florístico, os empreendimentos habitacionais e a mudança necessária no modelo de ocupação humana nas áreas urbanas.

O inventário florestal, o levantamento florístico, os empreendimentos habitacionais e a mudança necessária no modelo de ocupação humana nas áreas urbanas.

Por: Admin - 09 de Junho de 2025

À revelia da necessidade de inventários florestais para a construção de uma edificação em terreno natural, a especulação de imóveis urbanos, considerando os últimos 15 anos, enfrentou grandes revoluções; o modelo de negócio para a venda de apartamentos se profissionalizou, as fatias de mercado foram bem estabelecidas, os financiamentos, mesmo que não tão atraentes, foi o que sobrou para que o brasileiro possa dizer que tem casa própria, mesmo que tal afirmação se concretize após trintas anos, se tudo correr bem. 

Mas, nos bastidores, no início de tudo, antes da venda efetiva de uma moradia, alguns profissionais, corretores de imóveis, empreendedores casuais e/ou consolidados, já estão à procura de terrenos, áreas ideais, onde a maximização de ganhos seja possível.

Essas áreas não existem, em abundância, como há 15 anos. Os terrenos disponíveis na capital, e no seu entorno imediato, são escassos, com detalhes que comprometem a maximização de lucros. Os Planos Diretores estabelecem regramentos conflitantes com os interesses do capital e da vontade de morar. As taxas de ocupação e de impermeabilidade estão espremidas e então, todos ficam espremidos. 

Para melhorar, para não dizer o contrário, existe o regramento ambiental, que focaliza questões conhecidas, porém não muito compreendidas. Nesse pilar, está a área permeável, verde, de preferência arborizada, melhor se com plantas nativas da região, melhor ainda se com plantas originais da área, ou seja, plantas que não foram cortadas (suprimidas) no processo de implantação do empreendimento.

Então, existe o Inventário Florestal, ou Levantamento Florístico, ou Levantamento Arbóreo (essas são as denominações principais, porém existem outras). 

Pra que serve o Inventário Florestal?

As legislações vigentes, no âmbito ambiental, se propõem a garantir aquela parte da Constituição Brasileira, onde se lê “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” (artigo 225), e, por isso, e por outras forças às quais a discussão não vem ao caso, é importante que antes que saiamos cortando tudo, ligando nossas motosserras e nossos tratores, façamos uma pausa para avaliar o que temos e o que podemos perder, inclusive em termos financeiros, pois árvores podem ser precificadas, se considerarmos que houve investimento de tempo e recursos para elas existirem no ambiente urbano.

E como responder a algumas perguntas que podem ter respostas interessantes e pertinentes? Tais como: quantas árvores existem ali? Qual o seu tamanho em diâmetro e altura? São todas da mesma espécie (do mesmo tipo)? Fazem parte de qual Bioma? Estão saudáveis? Dão frutos, para consumo humano ou mesmo para a fauna que ainda resiste nos ambientes urbanos? Entre elas, há alguma espécie que reconhecidamente esteja sob ameaça de extinção? Qual o valor econômico de um determinado conjunto de árvores? Qual o valor ambiental? Qual o valor cultural?  E precisamos lembrar que valor é diferente de preço!

Existem alguns outros aspectos sobre a existência das árvores (que o inventário florestal poderia abordar), que mesmo com exaustiva campanha, há uma dificuldade de entendimento sobre eles. Serviços ecológicos, por exemplo, o abaixamento de temperatura do entorno, a nidificação de pássaros, a possibilidade de abrigo, a redução de velocidade do escoamento da água em ocasiões de chuva, o aumento de umidade no entorno, frutificação, floradas, serviços sociais, por exemplo, promoção de bem-estar psicológico, referência paisagística, entre outros.

Assim sendo, e com essas poucas considerações, o inventário florestal serve para trazer respostas às perguntas naturais e precursoras de uma atividade que envolva o corte de vegetação em determinada área. O inventário florestal não existe somente para a quantificação do número de indivíduos a serem suprimidos e sua subsequente geração de compensação ambiental. 

Compensação ambiental é um eufemismo, uma licença para a supressão de árvores adultas estabelecidas, nativas e de valor, muitas vezes inestimável. 

Com a compreensão do volume de perda de investimento natural que se joga fora, quando há supressão de árvores de forma impensada, poderíamos prezar por projetos que se adequam à pré-existência das árvores, onde haja a valorização real pela presença do mundo natural junto de nossas moradas, e que saibamos, de fato, admirar o amarelecimento das folhas e renovação da copa, das flores, dos frutos e toda a vida em torno dessas entidades.

O inventário florestal, então, podemos dizer, serve para trazer conhecimento sobre o patrimônio vegetal, sabendo que somos capazes de respeitar mais, quando conhecemos.

 

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